“Pela Primeira Vez”, documentário de média metragem dirigido por Ricardo Stuckert e produzido pela Casablanca Filmes que mostra em 3D a posse da presidenta Dilma Rousseff, estreia dia 25 de abril no Museu da República, em Brasília.
Embora mostre a posse de Dilma, o filme bem que poderia se chamar “Nunca na História Deste País”, jargão que marcou os oito anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
O título remete ao objeto do filme, quando pela primeira vez uma mulher chegou ao mais alto posto da hierarquia política brasileira. Mas o documentário não é sobre Dilma. Lula, que deveria ficar no papel de coadjuvante, exerce um protagonismo natural.
É mais um capítulo da novela cinematográfica de Lula, talvez o único político brasileiro cuja trajetória foi acompanhada de perto pelo cinema, que inclui “Linha de Montagem” (Renato Tapajós, 1982), “Peões” (Eduardo Coutinho, 2004), “Entreatos” (2004) e “Atos” (2006, ambos de João Moreira Salles), narrando desde a origem sindical até a vitoriosa campanha presidencial de 2002.
“Pela Primeira Vez” traz imagens inéditas dos bastidores da posse de Dilma, como a visita de Lula ao ex-vice-presidente José Alencar, nos hospital Sírio-Libanês, no dia da posse, ou a intimidade do ex-presidente e a ex-primeira-dama Marisa Letícia, minutos antes da transmissão da faixa.
Entre as curiosidades está a declaração da mulher de Alencar, Mariza, dizendo que precisou ameaçar terminar com um casamento de 58 anos para convencer o vice-presidente, convalescente de um câncer abdominal, a não ir à posse.
O grande mérito do filme, no entanto, está no uso da tecnologia 3D, que coloca o espectador comum dentro do ambiente dos poderosos como, por exemplo, a diplomação de Dilma no Tribunal Superior Eleitoral, ou em cima do palanque montado na porta do prédio de Lula, em São Bernardo do Campo. As imagens da arquitetura braziliense em 3-D também impressionam.
Os textos se resumem à conversa entre Lula e Alencar no hospital e aos discursos do ex-presidente, em São Bernardo, e de Dilma, em Brasília, editados de forma a se complementarem como num jogral.
“É o primeiro documentário brasileiro em 3D”, disse Arlette Gaudin Siaretta, da Casablanca. “Mas não usamos a tecnologia gratuitamente. É uma liguagem que aproxima o cidadão comum do centro do poder”, completou ela.
Fotógrafo oficial da presidência nos oito anos de Lula, Stuckert teve acesso privilegiado à cerimônia de posse. Segundo ele, a ideia de fazer um documentário surgiu poucos dias antes da posse. “A primeira conversa foi no dia 2 de dezembro. No dia 15, dois dias antes da diplomação, tínhamos 10 câmeras 3D da Casablanca em Brasília”, disse ele.
Seguindo Arlette, o custo do trabalho externo ficou entre R$ 900 mil e R$ 1 milhão, integralmente bancados pela Casablanca, sem patrocínios ou leis de incentivo. “Nosso objetivo não foi fazer um filme comercial, nem político. É um filme histórico”, disse ela.
Depois da estreia em Brasília, “Pela Primeira Vez” tem exibições marcadas em outras sete capitais brasileiras.
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